O momento atual, do ponto de vista econômico, é carregado de incertezas para todos. Na atividade empresarial, os gestores apostam em um período, pós-pandemia, de euforia e consumo, mas, também, paradoxalmente, grande parte vislumbra uma recessão severa na economia. Muitos afirmam que não bastará sobreviver ao abre e fecha do mercado; será necessário realinhar, novamente e sempre, os custos do empreendimento.
Nesta perspectiva de redução de despesas, o que se vem observando é que, particularmente no segmento de serviços, muitos executivos afirmam que o trabalho remoto, o chamado home officeou teletrabalho, ou seja, o trabalho em casa, é um passo sem volta. Isto em virtude da redução das despesas com espaços físicos, muitas vezes luxuosos e, consequentemente, caros, pelo corte de despesas de transporte dos empregados, pela melhora na qualidade de vida dos colaboradores, pelo tempo que se ganha com a eliminação de deslocamentos e, principalmente, pelo aumento de produtividade que se apresentou neste período.
A eficiência produtiva está sendo associada ao desenvolvimento tecnológico, em razão das mais variadas ferramentas que se encontravam à disposição e que passaram a ser utilizadas, somada à concentração dos operadores nas tarefas que desempenham com poucas pausas e interrupções, fato comum no ambiente de trabalho presencial. Maior produtividade, de um lado, e menor custo, de outro, parece uma fórmula sonhada para qualquer administrador de empresa, por isto, compreendido como uma mudança que veio para ficar.
No entanto, há de se notar que, na pandemia, no “fique em casa”, são limitadas as opções de lazer e o trabalho ganha uma ênfase de ocupação quase terapêutica, não havendo concorrência com o shopping, o bar, o jogo de futebol, o cineminha, o jantar com amigos, os encontros familiares e assim por diante. Não se admire que, ao voltarmos ao “novo normal”, com o apelo de atividades diversas do trabalho, os índices de produtividade do trabalho em casa arrefeçam e que a redução dos custos com espaço físico não compense ou não gere o resultado projetado. Além disso, há que se pensar na ineficiência criativa, pois o convívio profissional presencial e a troca direta e espontânea de experiências são, invariavelmente, favoráveis ao surgimento de soluções criativas e colaborativas.
Assim, diante das poucas certezas, neste tempo de isolamento social, todo e qualquer movimento deve ser cauteloso, evitando-se o faz, desfaz e refaz, ou, como nos dias de hoje, o abre e fecha e reabre, atitude essas, sim, excessivamente onerosas para qualquer negócio.
Por Fernando Coelho Silva
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